segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Machu Picchu (Passanger Side - Wilco)



Anos atrás, se me perguntassem se eu tinha curiosidade conhecer Machu Picchu, eu responderia não com cara de poucos amigos. Talvez por lembrar dos meus amigos hippies-maconheiros gastando 28 dias de ônibus Brasília - Cusco, praticamente uma piada de mau gosto. Aventureiro sim, maluco não! Mas o tempo passou, eu arrumei trabalho, salário razoável, as passagens áreas ficaram mais baratas e, opa, lá estive eu em Machu Picchu. E só me arrependi de não ter ido antes, muito antes.

Ollantaytambo
Cusco é a cidade mais "gringa" da America do Sul. Ok, talvez perca para o Rio, mas o centro é lotada de gringos. Saque dinheiro em dólar no ATM, pentelhos tentando te vender guias, passeios, bugigangas, o centro tem tudo. E digo, a night também é fortíssima. Entre de graça, dance, tome alguns drinks de graça, tenha dinheiro trocado para não receber moeda falsa e prepare-se para sofrer com a ressaca a 2.800 metros de altitude.

Na minha estada, fiquei no Hotel Casa Real. Foi um bom custo/benefício, bem localizado e nada de luxo e glamour, só o suficiente para uma boa noite de sono e um banho razoável.

Para os passeios, optei por um mega pacote com 3 dias inclusos. Foi uma tarde na ruínas do sul, a manhã e tarde com almoço nas ruínas do norte, transporte até a cidade de Ollantaytambo, de lá um trem até Aguas Calientes. Na manhã seguinte já tínhamos transporte e ingressos para Machu Picchu e a voltada garantida de Ollantaytambo até Cusco, tudo ao custo de US$ 200,00.

Machu Picchu
No primeiro dia passamos algumas horas no centro histórico de Cusco e um bom tempo em  Sacsayhuaman, incrível fortaleza que era local de guerras e celebrações. Observar o tamanho das pedras empilhadas, como elas se encaixam perfeitamente é algo de tirar o fôlego. Assistir o por do sol lá é uma boa pedida para renovar as energias para a noite barra pesada que te espera em Cusco.

O dia seguinte foi a vez de visitarmos Ollantaytambo. É magnífico olhar as "escadas" de longe e ao se aproximar descobrir que os degraus são o dobro da sua altura. Os degraus eram usados para criar microclimas diferentes para os plantios. E andar por ali não é nada fácil.

Após horas andando pelas ruínas da fortaleza de Ollantaytambo, descemos de trem em direção a Aguas Calientes. Dormimos em um hotel mequetrefe, chuveiro horrível e acordamos as 3:00 da manhã para pegar o micro-ônibus em direção a Machu Picchu. Porque tão cedo? Para poder escalar Huayna Picchu, local onde o americano  Harry Singer avistou a cidade e a colocou no mapa. Só é permitido escalar os primeiros 200 pagantes e lá vou entre eles arriscar uma subida de 800 metros de penhascos para ter a visão mais bela de todas.

Pressa é uma coisa que não combina com Machu Picchu. É preciso explorar cada pedaço, observar cada pedra, caminhar, sentar, deitar, sentir a energia positiva do local. Não sou religioso, sou bastante sético, mas não tem como ficar indiferente diante de Machu Picchu. O nascer do sol, a neblina da manhã, a grama verdinha, as lhamas, o silêncio quebrado pelo vento, tudo contribui para a magia em torno do local. O dia termina e eu me sentia tentado a voltar a infância e pirraçar para não ir embora. Odeio acampar, mas acamparia ali tranquilamente. Eu não conseguia esconder a alegria, a emoção de ter passado o dia no lugar mais incrível que já estive, um lugar com uma clima e uma energia que te faz repensar em tudo, de que faz pensar em fugir do mundo e querer viver com aquela paz incorporada na alma até morrer. Ainda voltarei a Machu Picchu, diversas vezes, quantas vezes puder.