quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Arraial D'Ajuda (Black Moon Rising - Black Pumas)

A Estrada

Chuto que fazia 20 anos que não percorria o trajeto Brasília - litoral baiano. A última foi na época que ia com meus pais de carro sem ar, asfalta ruim, estrada de terra e muita pobreza. E é esse o ponto chave da viagem.  Foi fácil perceber o quanto o Brasil melhorou nessa viagem de carro. 


Sul da Bahia

Foram 1.600 km por boas estradas (alguns pouco buracos depois de Bom Jesus da Lapa e chegando em Arraial) com  um belo visual. Lembro-me de 20 anos atrás crianças no meio da estrada jogando areia nos buracos do asfalto em troca de moedas, uma ajuda qualquer. Passei agora pelas mesmas cidades e todas maiores e longe de aparentar miséria total como era antigamente. É nítido a evolução e realmente legal perceber que crescemos, melhoramos. Nossa mania de achar que andamos para trás é uma farsa. Se bem que é 2020... vamos aguardar mais alguns anos.

As Praias

Alugamos uma casa simples em Arraial, a ideia foi levar nossa cachorra Costela e ficarmos o mais isolado possível, cozinhando nossa comida, frequentando praias desertas e evitando contato durante a pandemia. Sim, escrevo do maldito 2020, o ano da pandemia.

Caraíva
Foram diversas as praias visitadas, todas excelentes para Costela. Vamos a elas:

Aracaipe: cercada de pousadas, é até difícil achar um ponto de entrada. Pegamos estacionamento perto da balça, 10 reais. Pouco agitada, conseguimos até um bom sossego.


Mucugê: praia com mais estrutura e gente. Em tempo de pandemia era tudo que não queríamos. Andamos o suficiente para ficarmos longe de todos, mas não valeu.

Pitinga: foi a que mais frequentamos por ter poucas barracas, pouca gente e local para a Costela se divertir. Prepare o bolso, estacionamento a 30 reais. Ui!

Vinho básico

Taípe: perto do Club Med, você fica refém das barracas por não ter onde ficar com sombra. Linda, vazia e água deliciosa. O rio desembocando no mar também se torna um programa bacana.

Caraíva: passamos um dia na praia da Barra que é gigantesca. Muitas pousadas chiques, pouca gente, perfeita para um dia isolado curtindo aquele vinho branco gelado. Só se atente para 30km de estrada de terra. É tranquila, mas são 30km de terra.

Pescadores: a praia dos nativos, pouca sombra, nenhuma estrutura, ninguém por perto. Deliciosa!



quinta-feira, 2 de julho de 2020

Bruges 2010 (Texas Flood - SRV)

Por trás da foto

Não é exatamente uma foto bacana, apesar dos belos modelo. O local é o centro de Bruges, Bélgica. Qual a história por trás? Esse foi o dia que peguei dengue. Sim, peguei dengue na Bélgica.

As 4 primeiras
Tudo começou na noite anterior. Chegamos na cidade de trem por volta das 20:00, pegamos uma van para nosso hostel, Bauhaus. Deixamos as mochilas nos quartos e fomos passear pela cidade deserta. Chegava ser constrangedor o som dos nossos passos e risos na cidade mais silenciosa que já visitei.

Após a longa caminhada e várias paradas para fotos, voltamos para o hostel que tem um bar ao lado com o mesmo nome. Entramos empolgados e fomos avisados de uma incrível promoção. "Se você fechar essa cartela de 10 cervejas, a camisa do bar é de graça". Véi, 10 cervejas e eu ganho uma linda camisa vagabunda do Bauhaus Bar? Claro que vou participar, Rin Tin Tin.

Nem parece que estou com dengue
Ninguém me avisou que a cerveja Belga não era Skol. Desci a primeiro confiante, a segunda seguro, a terceira me fez ir ao banheiro, normal. Pedi a quarta, o barman carimbou minha ficha. Liguei via Skype pro Guto mas não lembro do que eu falei. Andei fora do bar sem casaco, estava frio e nem senti. Ri muito e não tenho ideia do que.

Pedi a quinta cerveja, não lembro ao certo. Ou era a vigésima, sei lá. Alguém colocou algo na minha cerveja, certeza. Li isso na internet, ele te dopam e roubam seus órgãos. Acordei no dia seguinte no meu beliche com sintomas claros de dengue. Hemorrágica, mortal, cruel, destruidora, incapacitante. E uma das poucas fotos do dia seguinte é exatamente essa acima. O esforço para sorrir e parecer bem deu resultado, nem parece que enfrentei a morte algumas horas antes. Nunca achei minha camisa.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Roma 2004 (Fresh Out - Kingfish, Buddy Guy)

Por trás da foto

2004 foi minha primeira viagem para a Europa junto com meu grande amigo Vitor César. Foram 30 dias rodando de trem sem saber contar até 10 em inglês. Fomos confiante que meu irmão, morando 6 meses em Londres, iria nos guiar. Ele nos abandonou no sexto dia, pense na roubada.

E lá vai eu e o Vitor num tour alucinado de 5 dias em cada capital de diversos países, sem nenhum hostel reservado. O padrão era descer do trem, procurar uma cabine do Last Minute e pronunciar "we need 2 beds, please". Mapa de papel, caminhada de quilômetros para economizar alguns trocados e pronto, estávamos hospedados.

Esses sorrisos na foto no alto do Vaticano esconde uma subida de escada de 400 degraus. Era preciso? Não. Porque subimos? Porque ir de elevador até o topo era algo como 9 Euros e de escada 2 Euros. "Mermão, isso são 2 cervejas, vamos de escada".

Não bastava os 400 lances de escada, virava e mexia ficávamos alguns minutos atrás de algum pagador de promessa que subia de joelhos, de costas, carregando uma cruz. Chegamos moídos de cansados. Não só das escadas, cansados do calor, dos dias mal dormidos nos péssimos hostels, das ressacas.

Para completar, uma garrafa de água lá em cima custava quanto? 4 Euros. "Não pago, isso é mais caro que a cerveja!" reclamou Vitor. Tínhamos que tomar aquela cervejinha contada no final do dia.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

New York Jazz City (The KKK Took My Baby Away - The Ramones)

Por Trás da Foto

Suzana me surpreendeu com passagens para NY City em 2015. Promoção Melhores Destinos quando ainda tínhamos promoções e um mundo COVID Free.

No dia da foto eu e Suzana passamos o dia num free tour pelo Harlem. Diversão total passear com uma guia branca no bairro 100% preto vendo o orgulho que eles tem dos seus e de suas histórias. A guia inclusive indicou uma casa de show secreta de forma discreta porque os frequentadores não curtem turistas, não decorei o nome.

No final, cansados de caminhar pelas largas ruas do bairro, pegamos o metrô de volta ao Brooklyn. No caminho da nossa casa Airbnb, passamos por um bar chamado Biergarten. De lá vinha um jazz/blues/soul de lascar, timbres e qualidade de CD. Nos olhamos, cansados e suados, cheios de sacolas GAP e não titubiamos, entramos.

Esse talvez tenha sido o dia mais marcante dessa viagem de 10 dias. O som, a banda, o bar, o clima, a alegria, as 200 cervejas disponíveis era tudo que eu queria de NY. Foi exatamente como sonhei. Torci para alguma Tartaruga Ninja adentrar o  recinto, mas não rolou. Mesmo assim foi  topzeira, véi!

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Deserto do Atacama (Cadê Teresa - Jorge Ben Jor)

Por Trás da Foto

Ano 2009, junto com 3 amigos resolvemos explorar a America do Sul. Tínhamos escolhido ir para Santiago e voltarmos por Lima 18 dias depois. O miolo nada foi definido, escolheríamos na hora.

Eduardo Charbel, mestre em enrascadas, escolheu Salar de Uyuni, na Bolívia. Pegamos um avião para San Pedro de Atacama e lá contratamos uma "empresa de turismo" também escolhida pelo Charbel.

Parecia alegria, mas era tensão!

O passeio durou 3 dias e no segundo dia passamos por um carro quebrado. Dentro 4 americanas muito assustadas, sem saber falar espanhol, presas no meio do deserto. Nosso motora/guia nos convenceu a trocar de carro, uma vez que estávamos cerca de 10km do hotel de sal que dormiríamos. "A ajuda está vindo", disse ele animadão.

A ajuda chegaria como? Não tinha internet, não tinha rádio, nem pombo correio, como seríamos ajudado? As horas passando e a coisa ficando tensa. Menos para nosso motora que merece um capítulo a parte.

Depois de muita espera chega uma Toyota velha com a peça quebrada. Trocam a peça e... nada! Então nossos astutos bolivianos decidiram usar as lonas que protegiam as mochilas como corda de guincho. Dá para ver na foto eles instalando.

Os Magaveirs davam um nó fraco para que cada puxada mais forte a lona não rasgasse. E assim fomos arrumando a corda improvisada a cada, sei lá, 500 metros?! Chegamos no hotel de sal a tempo de ver o por do sol.

Dia tenso que só percebemos que foi sensacional quando voltamos pro Brasil. Na hora não foi lá tão divertido assim.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Paris (She´s the Music - Philip Sayce)

Não posso viajar? Revivo.

Malabarista
Essa foto foi tirada em outubro de 2010, em Paris. A França estava de greve geral e nenhuma das atrações que tínhamos planejado para o dia estavam abertas. Decidimos então andar a esmo.

Na caminhada li no guia que carregávamos que uma sorveteria chamada Berthillon, bem próxima a Notre Dame, era considerado o "melhor sorvete do mundo". E lá fomos nós, sem GPS, usando mapa de papel daquele dados em hotel atrás da famosa Berthillon. Achamos!

Uma pequena fila se formava, pegamos nossas casquinhas e começamos a caminhar. Em uma das pontes que levava a sorveteria havia um malabarista, artista de rua. Paramos a distância para observar. Ele nos avistou, caminhou em nossa direção e nos fez sentar na calçada para então começar o espetáculo.

Não me lembro bem do show, mas consigo me lembrar do sol fraco esquentando nossas costas, crianças se divertindo com as trapalhadas do artista, todo momento proporcionada pela greve geral francesa. Ah, o que perdemos? Suzana não conheceu o museu d'Orsay. Teremos que voltar um dia.

#porTrasDaFoto